Por Naomi Maratea
CRIANDO SEU AVENTURIANO
As ilustrações de The Dark Eye realmente merecem destaque. O capítulo de criação de personagem mostra, com uma ilustração, a história de vida de uma maga que aparece em diversas ilustrações ao longo do livro, inclusive na capa, a Mirhiban al’Orhima.
O jogo sabe que está lidando com jogadores em sua maioria já experientes, então oferece opções de criação de ficha em diferentes níveis, do lendário ao inexperiente.
No inexperiente, cada jogador possui 900 pontos para distribuir entre Atributos (cujo nível máximo é 12), Perícias (cujo nível máximo é 10), Técnicas de combate (cujo nível máximo é 8) e com o Atributo podendo chegar ao máximo em 95 e podendo escolher 9 feitiços/cânticos litúrgicos (basicamente encantamentos mágicos ou divinos). No nível Lendário, o valor a ser distribuído é 2100 e os limites da ficha aumentam consideravelmente.
Há, claramente, mais escolhas que modificam a ficha: raça, cultura e profissão. Escolhas que fazem o jogo diverso e interessante, já que cada personagem pode ser extremamente diferente e nenhum padrão será forçado ao grupo do jogo. Além disso, apesar de cada região em Aventuria ter suas próprias características, não existe diferenciação de gênero: toda mulher e homem são igualmente fortes. Todo homem e mulher são igualmente inteligentes.
Após oferecer todas as opções e cálculos na montagem de personagem, o livro oferece 17 perguntas descritivas para que cada jogador responda e, dessa forma, aprofunde a personalidade daquela personagem.
Apesar das seis páginas de ficha que podem assustar um jogador principiante, o livro oferece, neste capítulo, um monte de fichas prontas que ocupam, pasme: meia página!
RAÇAS, CULTURAS, PROFISSÕES.
Para aprofundar as regras e o lore, o livro explica sobre cada raça existente em Aventuria, são elas: humanos, elfos, meio-elfos e anões, entretanto, nem toda personagem vai ser igual à outra por fazer parte da mesma raça, já que podem estar inseridos em diferentes culturas.
Cada uma das raças supracitadas possui uma penca de culturas distintas. Cada cultura cria pessoas que parecem de raças diferentes apesar de serem da mesma. As culturas do jogo parecem inspiradas em culturas do mundo real, fazendo com que o jogador possa usar experiências e conhecimentos reais para aprofundar sua personagem.
Além da cultura, a profissão difere mais ainda as personagens. Com profissões como bardo, gladiadora, curandeiro, bruxa, abençoado, dentre outros, aqui a profissão parece tomar o lugar que a “classe” toma em outros jogos de fantasia épica medieval.
VANTAGENS E DESVANTAGENS E PERÍCIAS
Você, leitor da rolepunkers, provavelmente é mais um aficionado por Savage Worlds como a autora deste artigo, e, com certeza, adora escolher vantagens e desvantagens. Em The Dark Eye acontece processo semelhante.
Além das vantagens e desvantagens, as perícias (aquelas que já foram citadas por aqui, que exigem testes de três dados) estão organizadas em uma grande lista. As perícias são muito diversas e sugerem situações muito criativas, algumas das perícias são Dança e Canto, mas também há perícias clássicas como Furtividade, Percepção, Lábia etc.
Cada perícia já vem com uma sugestão de quais três atributos rolar, entretanto, se a narradora achar que outro atributo deve ser rolado, a troca pode ser feita.
COMBATE, MAGIA E AS OBRAS DOS DEUSES
Em The Dark Eye, o combate possui regras próprias, é diferente de simplesmente rolar perícias. Com regras sobre iniciativa, ações e defesa, o capítulo de combate começa. Para um ataque ser bem-sucedido, é necessário rolar apenas 1D20 e comparar com o valor de ataque na ficha, cada arma possui vantagens e desvantagens referentes ao seu alcance e os sucessos críticos e fiascos possuem efeitos especiais em combates. Para se defender, deve-se fazer testes de esquivar ou aparar.
As regras cobrem todas as possibilidades de combate: na água, montado, à longa distância etc e conta com uma lista de habilidades especiais de combate. Certamente uma ficha nunca vai ficar igual à outra.
Outra forma de combater é a magia (que não serve só para o combate), e o capítulo de magia traz inúmeros tipos de magia: cura, conjuração, rituais, magia de alquimia, magia de artefatos mágicos, invocação de criaturas etc e traz também uma lista super completa de feitiços para usuário de magia escolher, com ilustrações incríveis ao seu redor.
Há também um capítulo sobre “as obras dos deuses”, que é semelhante ao capítulo de magias, mas lidando com a magia divina.
REGRAS DETALHADAS, BESTIÁRIO E EQUIPAMENTO
Os últimos três capítulos do livro trazem detalhamentos e aprofundamentos às regras e, então, listas de monstros e equipamentos.
O bestiário inova nas ilustrações: ao passo que até então a grande maioria das ilustrações tratava de criaturas humanoides, o capítulo do bestiário mostra que os artistas do livro não são cavalos de um truque só. Monstros incríveis (e animais comuns também) são apresentados com detalhadas tabelas de informação e ilustrações chocantes e lindas para cada um. O mesmo vale para os equipamentos.
VISÃO FINAL
Definitivamente The Dark Eye é um jogo que exige dedicação às regras, entretanto, uma primeira lida no livro já deixa o leitor louco para jogar. Tudo que The Dark Eye oferece faz com que a pessoa tenha vontade de ler e aprender todas as regras.
A lista de cultura e profissões incentiva que as jogadoras criem personagens extremamente diversas e certamente isso é algo legal de se ver e de se viver em jogo. É a parte favorita da autora no livro!
A autora deste artigo espera convites para jogar o quanto antes!

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