Por Yuri Bravos

Todos que já jogaram Castelo Falkenstein se depararam com uma proposta inusitada o Diário das Personagens. Em Comme Il Faut, se descreve como na Nova Europa era uma febre a escrita de diários e todos escreviam o seu, como uma forma de lidar consigo mesmo e com as vicissitudes da vida.
Porém, para nós, jogadores do Grande Jogo, o diário é uma ideia disruptiva que pode ser tanto um motivador quanto estranho num primeiro momento. Muitos estão acostumados a ter uma ficha e não um caderno que vai progressivamente sendo preenchido. O Castelo Falkenstein nem apresenta de fato uma ficha para os jogadores. O jogo de fato nos convida a mergulhar nas memórias e nas motivações das personagens dramáticas..
Por que um diário é legal?
Se por um lado não ter uma ficha pode ser exótico, abraçar a ideia do diário pode ser muito divertido. A proposta se centra, sobretudo, em aprofundar o mundo interior das personagens dramáticas, fazendo com que elas ganhem profundidade e deixem de ser apenas um amontoado de valores relacionados à habilidades.
De fato, se seguirmos a orientação do livro, tudo começa com uma descrição da personagem, seguido de memórias da infância e juventude, vícios e virtudes adquiridas com o tempo, as coisas mais importantes para a personagem e até seus objetivos sociais, profissionais e românticos. Isso tudo antes de chegar nos níveis de habilidade. Quem se empenha em escrever o diário da personagem sabe com bastante propriedade quem é aquela pessoa.
Contudo, o diário pode e deve manter mais informações do que isso. A proposta é que ele sirva como um relatório pessoal da mesa, onde a personagem junta informações cruciais que ela encontrou durante as aventuras. Os diários podem se tornar o centro de aventuras, inclusive. Lembram que todos em Nova Europa mantém seus diários atualizados? Encontrar o diário de um cientista louco é poder prever seus próximos movimentos diabólicos; folhear o diário de uma donzela é descobrir se é possível dar os próximos passos no cortejo ou se há outros da disputa por sua mão; ora, os diários e cadernos de Leonardo da Vinci podem mudar toda a história da Nova Europa com seus projetos inspiradíssimos!
Como solucionar o problema?
A resposta está no alcance de nossas mãos: aplicativos e internet de bolso! Tanto se joga muito de forma online, quanto estamos quase todos com um aparelhinho capaz de acessar a internet com facilidade. E há várias ferramentas que podem nos ajudar a manter um diário de personagem acessível e ao mesmo tempo flexível para se adicionar camadas e mais camadas. Tudo isso com fácil compartilhamento com os demais da mesa.
Cito alguns exemplos: Milanote, Miro, Notion e o próprio Google Drive usando planilhas, slides ou mesmo documentos de texto, a depender da sua capacidade criativa. Os dois primeiros — Milanote e Miro — são especialmente interessantes pois eles criam uma espécie de painel infinito onde você pode anexar imagens, escrever textos em colunas e cartões, fazer comentários soltos e brincar com cores e tamanhos de fonte. De forma que é possível chegar num resultado final bem parecido com um diário físico, porém, digital.

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O Notion, por sua vez, é ótimo para quem gosta das coisas bem organizadas. É possível fazer uma espécie de Wiki da personagem, com páginas dedicadas a temas específicos e ainda assim dispor de certa diagramação simples e anexação de imagens de forma intuitiva. Seu uso é interessante porque talvez seja mais fácil fazer consultas posteriormente, algo que é essencial durante um jogo e que um diário autêntico não foi feito para abarcar.

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O Google Drive pode servir para aquelas pessoas que não estão dispostas a investir tanto tempo nessa construção, mas que não querem perder a oportunidade de ir adicionando informações à medida que a narrativa avança. Das opções sugeridas, essa seja talvez a mais ‘crua’ e mesmo assim, quem gosta de fazer algo mais visual pode optar por slides ou por uma planilha bem diagramada; havendo sempre a opção do texto (que aceita imagens, nós sabemos, mas que adoram dançar com as letrinhas, nós sabemos também!).

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Uma nova oportunidade
Tendo essas opções à mão fica muito mais plausível colocar em prática o uso do diário. Ficará mais patente também a possibilidade de extrair deles motivações para aventuras e indícios de como interpretar a personagem dramática em jogo.
Se você usar uma dessas propostas, não deixa de postar nas redes sociais e marcar a Retropunk! Queremos dar uma espiadinha no diário de vocês!

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