Os Diários de Castelo Falkenstein

Por Jô Nobrega

“Neste lado do Véu Feérico todo mundo mantém um diário, e muitas pessoas usam blocos semelhantes aos livros em branco que se compra em papelarias em nosso mundo. Pode ser que você queira fazer o mesmo, ou até mesmo fabricar seu próprio livro para escrever a história de seu personagem!”

Castelo Falkenstein

Se você já ouviu falar de Castelo Falkenstein provavelmente já sabe que se trata de um RPG único, tanto em história quanto em forma. A Aventura se passa em uma Europa alternativa, onde a Revolução Industrial se encontra com a magia e a História toma rumos criativos e cheios de possibilidades. Como sabemos disso? Tom Olam (um alter-ego do autor) foi transportado para esta Nova Europa nos fala deste universo alternativo por meio de diários.

Acho que posso dizer que o jogo gira em torno de diários, inclusive. Em Castelo Falkenstein não usamos reles fichas fotocopiadas nem conceitos distantes como planilhas e pontos de habilidades. Somos pessoas, excelentes em algumas coisas, ou fracas em outras. Temos passados e aspirações, mas vivemos em um presente dinâmico, que muda todos os dias. E registramos nossas histórias em diários, como Olam.

O Grande Jogo sugere que cada personagem faça seu diário, e que o mestre escreva a aventura também em forma de livro. Eu e meu grupo fizemos algo parecido, mas achamos que seria mais interessante se todos fizessem um único livro, então ao final de cada dia um de nós leva para casa o diário e registra os fatos ocorridos na visão (e personalidade) do seu personagem. O mestre escreve entre as narrativa os outros fatos relevantes.

Devo dizer que lá atrás, no momento que li a parte sobre fazer seu próprio diário já fui atrás dos tais livros em branco. Achei cadernos muito bons, mas ainda não era bem daquilo que eu estava atrás. Tive vontade de não apenas escrever, mas de fazer um diário. Passei então à segunda sugestão: fabricar seu próprio livro. Na mesma hora me animei: procurei referências, livros da época, tipos de encadernação, tutoriais, vídeos… Quase todos os materiais eu já tinha em casa ou são facilmente encontrados. Envelheci papéis usando chá preto bem forte (já vi usarem café). Foi bem simples, coloquei tudo em uma assadeira do tamanho do papel e deixei lá por uns minutos, variando de acordo com o efeito que eu queria. Pendurei para secar e pus embaixo de um monte de livros pra ficar mais retinho. Dá até pra usar na impressora pra acrescentar uns floreios e pautas, se desejar. A capa também foi impressa, a partir de imagens que achei e adaptei. O ideal seriam materiais mais realistas, claro, mas o efeito geral ficou bom. A parte de montar o livro foi a mais desafiadora e depois de muitos tutoriais comecei: separei as páginas de 5 em 5 e dobrei, fazendo pequenos cadernos. Optei pela Costura Francesa para a montagem (existem vários tipos de técnicas, lindíssimas) e como nesse estilo a costura é aparente, usei uma linha dourada, bem de acordo com nossa aventura. Finalizei com tiras de couro e metais (as poucas coisas que precisei comprar) que achei em lojas de artigos para sapataria e ferragens em geral. Achei também um martelo de com cara de antigo. É claro que é totalmente desnecessário se você já tem um em casa, mas a essa altura já estava totalmente no clima me sentia um misto de anão sapateiro e monge encadernador!

Apresentei o livro ao grupo e todo mundo se animou. Daí em diante fomos incrementando com imagens, retratos, cartões de visitas e tudo que conseguimos pensar para dar sabor à história. As narrativas ficaram super elaboradas, e cada capítulo uma visão de mundo diferente… heroica, objetiva, pessimista, sonhadora. Com erros, sim! Passagens riscadas, letras horríveis, mas tudo espontâneo, como retratos de nossos Personagens Dramáticos. Um livro único e verdadeiramente feito pelo grupo. Nossa história ainda não está pronta, vai sendo construída de capítulo em capítulo, mas temos certeza de que vai ser épica!