Por Pedro Feio
O filme “Dungeons & Dragons: Honra entre rebeldes” despontou nas telonas trazendo uma aventura divertida e ágil de fantasia medieval. Na humilde opnião deste que vos escreve, o filme que traz referências espalhadas para os conhecedores do RPG, mas tem um enredo que se afasta o suficiente para não intimidar o público novo e poder cativá-los. Assim, ele cria uma experiência nas telas que, embora recheada de elementos do universo de D&D, acaba não emulando a experiência que o próprio sistema que busca homenagear proporciona.
Mas não fique triste por isso, se você se empolgou na sua ida ao cinema e quer trazer uma vivência parecida para sua mesa de jogo, a Retropunk Publicações tem o material certo para você! Para conseguir viver com seu grupo uma história que seja divertida, rápida e furiosa é só pegar nosso querido Savage Worlds Edição Aventura e ter em mãos o Pathfinder para Savage Worlds para temperar com a dose certa de fantasia medieval, masmorras e dragões a sua aventura.
Com esses dois títulos você consegue mergulhar de cabeça naquele universo e nós podemos provar! Se você já viu o filme, siga em frente sem medo que vamos dar algumas dicas. MAS se você ainda não viu o filme, cuidado, pois você pode ser atingido por alguns spoilers daqui para frente!
“Nem todo conflito é vencido pela espada”
Histórias de aventura como a do filme oferecem uma ampla gama de desafios para superadas pelos jogadores e jogadoras. Embora o combate seja uma parte importante do jogo, muitas vezes é preciso lidar com desafios que não podem ser resolvidos apenas com força bruta. Nessas situações, a retórica das personagens pode ser tão importante quanto suas habilidades de combate, pois precisam convencer as personagens não jogáveis (NPCs), sejam antagonistas ou não, a fazerem algo ou descobrir informações importantes para a missão.
Um dos momentos memoráveis em que o filme trabalha esse tipo de desafio é quando Edgin Darvis e Holga Kilgore buscam convencer o Conselho de Absolvição da prisão em que estavam encarcerados de que são merecedores de liberdade. Nosso bardo usa todas suas habilidades sociais na árdua tarefa de convencer o conselho e de ganhar tempo enquanto o ilustre Jarnathan não chega.
Em RPGs tradicionais uma cena como essa seria reduzida a uma rolagem de um atributo ou perícia relativa às habilidades sociais. Isso não traz uma estrutura mecânica realmente capaz de transmitir a complexidade estratégica e a tensão que o momento pede. Em Savage Worlds você encontra a regra de Conflito Social (pág. 135 do SWADE), que permite medir o êxito das personagens em interações complexas como “longas discussões, negociações ou procedimentos legais”. Assim é possível obter uma interação com rodadas de argumentos e suas réplicas que meça o êxito das personagens para além de sucesso ou fracasso. Afinal, é possível sair de uma negociação com êxitos em apenas alguns dos pontos pretendidos, não é mesmo?
“Quando nos sentimos seguros em nossa loucura, podemos explorar seus limites”
Essa frase de Paulo Coelho é bem interessante para pensar um elemento muito característico de Savage Worlds, o Bene. Nesse sistema os jogadores possuem esses marcadores que simbolizam sua sorte ou destino, pois permitem alterar rolagens que não foram boas ou até outras ações para ajudar a controlar o destino das suas personagens. Mas e o que isso tem a ver com o filme?
Bom, após o nosso conflito social parecer não favorecer nossa dupla de bardo e bárbara, eles partem para um plano desesperado que é típico de uma aventura cinematográfica. Se você viu o filme, você sabe que aquele salto foi uma loucura, não? Pois bem, se pendurar em um homem-pássaro (Aarakocra) e se jogar por uma janela é algo que uma pessoa que está curtindo interpretar sua personagem só faria de forma espontânea e impensada se o seu juízo estivesse descansando longe da cabeça. Não é mesmo?
Mas Savage Worlds traz os benes que são esse combustível para que nossos jogadores e jogadoras façam ações realmente heroicas e cinematográficas. Não é que as consequências para as ações não existam, é que quem joga se sente seguro para apostar com essas moedas no bolso. Às vezes dá errado, nossas personagens vão embora, mas em um momento heroico e memorável!
“Você está prestes a perder a sua cabeça, é com isso que está preocupada?”
Quando essa frase foi dita pelo nosso algoz de armadura com um longo machado de batalha e acompanhado de diversos ajudantes armados, ele definitivamente não esperava a surra que ia tomar, não é mesmo? Em filmes de fantasia heroica, muitas vezes uma heroína como Holga Kilgore distribui muitos pés na bunda por aí sem grandes dificuldades. Passa por hordas de inimigos menos poderosos e experientes com agilidade numa espécie de balé marcial que enche os olhos de quem está assistindo.
Em um RPG tradicional, você pode ter certeza que toda essa agilidade fica de lado e um combate como aquele levaria facilmente uns 40 minutos para se desenvolver. Chato, não é? Para resolver isso, Savage Worlds traz a regra de Encontros Rápidos (pág. 137 do SWADE). Com essa regra conflitos em poucas rolagens e com um pouco de narrativa colaborativa e compartilhada, você e seu grupo vão reduzir combates que acrescentariam pouco para história ou uma ação que se tornaria tão longa que quebraria o ritmo em poucas rolagens importantes para decidir os desfechos.
Não é por ser rápido e divertido, que um encontro rápido não traz consequências. As ações narradas e testadas estão sujeitas a falhas como quaisquer outras e podem trazer consequências. A própria Holga quase foi atingida no final da cena, não é mesmo? Então, um combate abreviado dessa maneira não impede seus jogadores de saírem dali com alguns bons ferimentos, ele apenas abrevia todo o processo de decisão e avaliação do combate e seu desfecho, garantindo um ritmo muito mais cinematográfico ao jogo.
“Heróis são forjados em meio a tarefas dramáticas”
Quando Campbell escreveu essa frase ele estava nos contando um segredo sobre a construção de heróis e heroínas na literatura e nos filmes. Cenas verdadeiramente dramáticas em que as personagens principais se envolvem em ações espetaculares levam o público ao limite da tensão e do suspense.
Em Dungeons & Dragons temos um momento icônico quando nosso grupo de heróis e heroínas decide colocar o quadro com o portal mágico dentro da carroça de tesouros sem ser percebido no melhor estilo missão impossível. Uma cena dessas seria altamente parada e dependeria de uma longa discussão sobre regras e dezenas de rolagens de dados para chegar a algum lugar. Sem ritmo, a tensão e o suspense vão embora da partida de RPG.
Pois bem, consulte a regra de Tarefa Dramática (pág. 172 do SWADE) para ver como com alguns dados, marcadores e cartas, é possível em poucas rodadas retratar mecanicamente toda a complexidade de uma ação dessas. Cada personagem contribui com suas múltiplas perícias, lidam com os contratempos e resultados de suas ações a cada rodada e em alguns instantes uma cena complexa dessa está concluída, para o bem e para o mal.
Rápido, Divertido e Furioso como todo bom filme deve ser!
A essa altura você já se deu conta que Savage Worlds é o sistema ideal para quem quer adicionar ritmo e tensão no melhor estilo cinematográfico a suas mesas de RPG. Isso tudo é feito sem perder a “crocância” de um sistema de regras robusto. Nesse artigo, nós pinçamos algumas mecânicas específicas que se adequam ao estilo de algumas cenas do filme Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes, mas a verdade é que folheando bem o livro, você vai encontrar o caminho para viver a experiência de qualquer filme que você gosta bastante!
Se você se empolgar com a ideia de jogar no universo desse filme usando nosso sistema, lembre de dar uma conferida no material de Pathfinder para Savage Worlds que vai adicionar muitos elementos importantes para o cenário como raças, classes e um bestiário incrível de criaturas que aparecem no filme e muito mais!

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