Rastro de Cthulhu vai à Guerra em Dulce et Decorum Est

Dulce et decorum est pro patria mori – Horácio

“é doce e adequado morrer pela própria pátria”

Quando Gavrilo Princip, integrante da organização sérvia Mão Negra, fez os disparos que causaram a morte do arquiduque do Império Austro-húngaro, Francisco Ferdinando, e de sua esposa, não imaginava que esse seria o estopim da 1ª Guerra Mundial, conflito que mudou o mundo como conhecemos e que deu início verdadeiramente ao século XX. Menos representado que a 2ª Guerra Mundial, mas extremamente mais violento, ele é tema do suplemento Dulce et Decorum Est, para Rastro de Cthulhu, e parte integrante do financiamento coletivo promovido pela Retropunk Publicações que terá início no próximo dia 8 de março, às 10h (saiba mais sobre ele aqui).

Dulce et Decorum Est tem 114 páginas, em preto e branco, e conta com o texto de Adam Gauntlett e as artes de Jérôme Huguenin (que produziu a belíssima capa), Leah Huete e Phil Reeves. O livro apresenta regras para investigações que aconteçam durante a 1ª Guerra Mundial e traz três aventuras para desafiar os jogadores, podendo ser integradas ou não. O suplemento não tem como objetivo ser um tratado sobre o conflito (Guardiões podem buscar detalhes específicos em títulos históricos ou no google), mas inclui uma cronologia dos principais acontecimentos.

Em suas primeiras páginas, Dulce et Decorum Est apresenta novas habilidades interpessoais (Conhecimento de Campo e Trato Militar) e orienta como adaptar as antigas habilidades para os anos entre 1914 e 1918. Também faz uma abordagem pertinente sobre qual estilo de jogo os Guardiões devem escolher, se Purista ou Pulp. Caso os investigadores atuem diretamente em alguma das batalhas, o ideal é o estilo Pulp. Se for uma aventura de bastidores, com espionagem ou representando a vida de quem não estava no front, melhor seguir com Purista.

Armas e Equipamentos

A 1ª Guerra Mundial foi o primeiro conflito com uso massivo de aeronaves em combate. E Dulce et Decorum Est traz regras para simulação desses confrontos aéreos, com instruções indicando como os Guardiões devem executar as cenas de batalhas diretas (os famosos “dogfights”) e como calcular os danos sofridos. Além disso, o suplemento apresenta cinco páginas com os modelos mais utilizados pelas forças da Entente e do Eixo (já pensou enfrentar o famoso Barão Vermelho e sua Albatros D.II?).

Também utilizados pela primeira vez num conflito, os carros blindados e tanques recebem seu devido destaque em Dulce et Decorum Est, com quase duas páginas de descrições dos principais veículos utilizados pela Entente e pelo Eixo. E finalizando a parte dos combates fora das trincheiras, regras específicas para batalhas nos mares e oceanos.

No front principal, os soldados ficavam em longas linhas de trincheiras, aguardando o melhor momento para atacar os inimigos. Mas, enquanto isso, estavam sujeitos ao tempo, ratos, bombas e à saudade de casa. Tudo isso mexia com o emocional dos combatentes e para representar essa parte do conflito, uma nova tabela foi incluída para testes de perda de estabilidade (afinal de contas, os Mythos não eram as únicas coisas que quebravam o espírito de um militar).

Mordiggian surge!

Como estamos tratando de um suplemento de Rastro de Cthulhu, claro que os Mythos não poderiam ficar de fora. O Teatro da Guerra atrai a atenção de Mordiggian, o pai dos carniçais, que aproveita todo o clima propício de morte e destruição para ampliar sua influência. A partir da página 35 começa toda a preparação para a campanha ficcional onde os investigadores deverão impedir que o antigo deus tenha sucesso e assim, salvar a humanidade de um fim pior do que o conflito em andamento.

Novas criaturas são apresentadas, como o Doppelganger; um novo culto – A Ordem da Pena Branca – é detalhado (rendendo uma interessante leitura sobre a condição das mulheres no início do século XX e como elas buscavam representatividade e a garantia de direitos mínimos, como o voto); e uma homenagem a Mata Hari, a mais famosa espiã de todos os tempos, é incluída no suplemento.

Três aventuras fazem parte do livro – Vaterland, Dead Horse Corner e Irmãs da Amargura. Originalmente elas podem ser jogadas soltas, mas, os Guardiões têm bons motivos para interligá-las.

A primeira aventura, Vaterland, que se passa em Nova Iorque, em 1914, acontece dentro do primeiro navio alemão da linha Hamburg-American, que, por conta do início do conflito, fica detido no porto estadunidense. Os investigadores ingressam à bordo a pedido de John Rathom, editor do Providence Journal, na esperança de descobrir uma trama alemã.

Em Dead Horse Corner, os personagens, atuando como soldados, descobrem que uma trincheira que deveria contar com um destacamento militar está vazia e os colegas estão desaparecidos. Vinte homens sumiram sem deixar vestígios, deixando para trás comida e pertences pessoais. O que aconteceu com eles é fruto do próprio combate ou a causa é sobrenatural?

E, finalmente, em Irmãs da Amargura, a tripulação do U-boat alemão UC-12 é enviada em uma missão padrão, onde deve plantar minas aquáticas no  Mar do Norte e retornar para a seu local original. Enquanto estava submersa, a equipe começa a ouvir um barulho estranho e abafado, tocando como uma sequência de sinos de igreja. Não são baleias. Não são forças inimigas. Algo mais está embaixo, próximo aos marinheiros. Enquanto alguns colegas começam a adotar um comportamento estranho, os investigadores devem descobrir o que está acontecendo, sob pena de perderem a própria vida.

Dulce et Decorum Est é parte do financiamento coletivo promovido pela Retropunk Publicações e que terá início no próximo dia 8, às 10h. O suplemento fará companhia ao bestiário Criaturas Terríveis, dois novos lançamentos essenciais para os Guardiões e Investigadores que pretendem testar sua estabilidade enfrentando os desafios dos Mythos de Cthulhu. Não deixe de participar.