Por Ítalo Guimarães

Criaturas fantásticas, itens poderosos, aventuras épicas e… Luzes Neon?
Sim, luzes neon, numa distopia futurista onde a tecnologia é alta e a qualidade de vida é duvidosa. Isso e muito mais nos é apresentado neste maravilhoso livro que é “Sprawlrunners”.
Além dos implantes e do dinheiro
Como todo rpg, todos estamos aqui para contar histórias e evoluir com elas. E o foco deste que podemos chamar de “Um compêndio cyberpunk”, é justamente esse.
Ao contrário do cenário de Savage Worlds “Interface Zero”, que nos traz uma história muito detalhada do mundo em que vivemos (algumas dezenas de anos a frente), com um enorme catálogo, que contém a mais variada quantidades de itens como consumíveis, armas, implantes cibernéticos e melhorias biológicas, este livro com pouco mais de 90 páginas nos traz algo mais sucinto e dinâmico, focando principalmente no ato de contar a história de um grupo cyberpunk tentando derrubar o sistema em si, do que focar em se entupir de implantes biológicos e cibernéticos e em como conseguirão, de alguma forma, desbloquear recursos para adquirir tudo aquilo.
Tudo isso numa mecânica onde ter ou pegar os implantes não está relacionado ao dinheiro que ele tem ou adquire, mas sim através da sua evolução e seus progressos na história com as “Vantagens cibernéticas”.
Um mundo fantástico e tecnológico
Em Sprawlrunners somos agraciados com dicas e regras de cenário onde é possível se jogar em um mundo onde criaturas fantásticas do imaginário comum do rpg (como elfos, trolls, orcs e anões) estão presentes em nossa sociedade e também dando dicas e direcionamentos de como elas estiveram ali, sendo elas classificadas como “O Jeito Fácil”, onde aquilo simplesmente sempre existiu e sempre esteve ali, como num cotidiano qualquer. Temos “O Retorno”, onde algum evento exclusivo aconteceu e o véu que separava a magia do mundo real se desfez (tal qual em alguns cenários onde os personagens correm pelas sombras) trazendo a magia e suas criaturas místicas. O conceito de “Cibermagia”, que fala sobre o fato da tecnologia ser tão avançada que parece até feitiçaria e os seres que ali existem e convivem são experimentos e evoluções genéticas e, por fim, o conceito “Mundano” onde você pode desconsiderar a magia e seus seres, transformando o cenário em pura tecnologia e ficção científica apenas com humanos.
A magia e seus aspectos
Com as regras estabelecidas para um universo fantástico com magias, dragões, trolls e outros seres místicos, temos também as regras de ambientação para as “classes” magistas desse compêndio, que são os Adeptos do chi, os Magos e os Xamãs.
Os adeptos do chi, através do controle de suas energias internas, aprimoram suas capacidades físicas, sendo um contraponto dos implantes tecnológicos.
Os magos trabalham através de fórmulas, textos e itens imbuídos, tudo isso ligado a uma tradição hermética, ao qual seus textos e seus estudos geralmente são muito bem pagos pelas megacorporações a fim de ampliar os negócios e o monopólio de poder.
Os Xamãs são pessoas que, após serem escolhidos por um espírito natural, chamado de totem (que nos é apresentado toda uma lista deles), ganham seus poderes e passam a seguir uma certa filosofia, e comportamentos, de acordo com o seu Totem.
Vale lembrar que em Sprawlrunners, a regra opcional de “Sem Pontos de Poder” (Savage Worlds Edição Aventura) é aplicada para as classes conjuradoras e o choque de retorno recebe um novo nome, o temido Dreno.
Hackers e Jóqueis
O que seria de um mundo cyberpunk sem os tão queridos hackers? Uma profissão desejada, procurada e temida dentro de todo e qualquer cenário desse gênero. Capazes de se infiltrar em banco de dados, roubar informações, ativar e desativar tudo que se envolva em redes eletrônicas e digitais. Neste livro somos apresentados a duas coisas, as vantagens do ciberespaço e a duas modalidades de hackear que podem ser usadas em jogo, a Pista Rápida, com regras mais simplificadas e diretas deixando tudo mais rápido, divertido e furioso no mundo digital, se assemelhando a uma tarefa dramática e o estilo de Queima Lenta, onde os processos de hackear são mais detalhados e com uma gama maior de ações e variantes físicas, deixando as coisas mais intensas a cada novo upgrade ou a cada nova ação tomada.
E o que não poderia faltar também é o tropo clássico do Jóquei, um rapaz que controla drones e veículos a distância, de forma segura e sem se pôr em risco direto. Na parte de veículos e drones que podem ser usados no cenário, temos desde veículos de transportes simples a utilitários militares e drones simples de vigilância até robôs de armamento pesado.
Um livro rápido, divertido e furioso
Se aproveitando ao máximo das condições Pulp que o sistema de Savage Worlds nos proporciona e com um pouco mais de 90 páginas, Sprawlrunners nos traz uma imersão ao mundo cyberpunk, com uma linguagem bem fluída, de fácil entendimento e sem mecânicas complexas. Sendo um livro que conta a história de pessoas e suas vidas, focando mais na essência da filosofia cyberpunk, que é a sobrevivência em um mundo caótico repleto de tecnologia, do que apenas na estética cromada e com luzes neon azul e rosa com personagens cromados até os dentes.

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