Por Felipe Figueiredo
O que você pensaria se alguém lhe dissesse que existe um mundo mágico além do nosso? E nele existem fadas, seres mágicos e muita, muita magia? Que pessoas comuns como você são escolhidas e capazes de acessar o outro mundo enquanto dormem? Essa é a premissa de O Reino Mágico Debaixo da Cama, cenário a ser lançado pela Retropunk para Savage Worlds.
“Sim, a magia existe, mas é preciso acreditar.”
Logo nas primeiras páginas você será levado a conhecer esse Reino Mágico chamado Dreimur através de um conto introdutório, ou melhor, relatos extraídos do diário de tio Orlando, um homem que, depois de velho, alega ter lembranças de suas visitas a Dreimur quando criança. Uma nota de esclarecimento deixa bem claro: é Orlando que traz todas as histórias contadas ali.
A história de Dreimur se confunde com a lenda da criação do mundo com um toque de contos de fadas. Na verdade, Dreimur é muito mais antigo, a Terra, ou mundo real, como diriam os mais céticos, foi criada por um Onírico (nome das criaturas mágicas desse mundo). Um passeio pelo Reino Mágico hoje leva a lugares inesperados: desde o Concílio das Páginas, onde os livros falam e tem muita personalidade até o Castelo das Estações, que muda a cada estação do ano e abriga a Rainha.
Afinal o reino mágico existe de fato ou é invenção do tal tio Orlando? Bom, estamos falando de um RPG, então o que importa é: quem você será nesse mundo. Um Escolhido: uma pessoa aparentemente comum, mas especial porque é capaz de atravessar entre os mundos. Normalmente, os Escolhidos são crianças, então esse será o foco aqui. Nada impede que você faça um personagem adulto, mas quanto menor sua idade, maior sua Afinidade, uma nova característica que define sua conexão com a magia. Entre as muitas possibilidades, você pode ser um adulto ainda ligeiramente descrente da magia; uma jovem domadora de criaturas ao estilo Pokemon ou um feiticeiro de varinha como Harry Potter.
“Chame de Magia. Chame de Realidade”
Em O Reino Mágico Debaixo da Cama todos os personagens jogadores são capazes de usar magia em maior ou menor escala. Mas há uma diferença dependendo de onde se está. Em Dreimur, usar magia é simples, como o ato de respirar, já na Terra, o ceticismo humano age como um dificultador. Novos poderes trazem aspectos únicos do cenário como um poder capaz de abrir ou selar um portal para o Reino Mágico ou transformar uma coisa em outra, como um príncipe em sapo (você já deve ter ouvido falar disso). Uma vez que a magia é um aspecto constante em pelo menos um dos mundos, o cenário usa a regra Sem Pontos de Poder com pequenas alterações.
Como os escolhidos são pessoas comuns, uma extensa lista de equipamentos não faria sentido, então temos uma regra para lidar com essa “falta” de equipamentos, e é tão simples quanto gastar um bene. Há também regras sobre portais, como lidar com a morte e até uma forma de usar a magia como substituto para outras tarefas mais mundanas. Essas são algumas das novas regras de ambientação que o cenário propõe.
Num cenário com foco em magia, uma coisa que não pode faltar são artefatos mágicos. O mais interessante aqui é que a inspiração vem de brinquedos comuns. Então talvez você se comunique através de um copo mágico ou use o Pó da Forma Verdadeira para transformar seu urso de pelúcia num urso de verdade.
Para o Mestre, há inúmeras dicas para narrar para os mais variados públicos, das mais variadas formas. Na proposta principal do cenário, os Escolhidos são envolvidos em problemas em ambos os mundos e precisam resolvê-los. Mas você pode decidir que os Escolhidos estão presos em Dreimur (quem não conhece Caverna do Dragão?) ou até que Dreimur é muito mais sombrio do que parece (uma referência a Stranger Things). Uma coisa fica bem clara aqui: Dreimur pode até existir, mas, na sua mesa, ele é seu para contar a história que quiser.
“A resposta para uma História Sem Fim”
Por falar em histórias… Para os Mestres que gostam de criar suas próprias aventuras há um gerador para ajudar a se inspirar nos temas. Ou, se você é do tipo que não ter muito trabalho, também há uma campanha pronta.
Claro, que não poderia faltar um bestiário com fadas, elfos, goblins e todos os outros Oníricos que aqui tem um toque diferenciado, como os gnomos que são feitos de um material parecido com cerâmica e são capazes de “se colar”. Outras lendas estranhas também tomam vida: como o Cordeiro Vegetal, uma “planta” cujos frutos são cordeiros; Golens, criaturas criadas por magia; o popular Homem do Saco que leva crianças para uma dimensão do vazio; e até o gigantesco Monstro do Lago.
Ao final, ainda somos surpreendidos com um epílogo. Sim, após o livro ser escrito, uma nova história surge, algumas reflexões e a pergunta desponta: “E você? Acredita em magia?”

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