Por Luiza “Luluzinha” Ferreira
RPGs são jogos que abrem as portas para a imaginação, permitindo que você desbrave novos mundos, lute por causas que acredita, conheça personagens com diferentes realidades e utilize das infinitas possibilidades para vivenciar as experiências que quiser.
Quando nos aproximamos desse nicho, vemos ou presenciamos aquelas mesas repletas de dados, mapas e pessoas que dividem esses momentos cheios de alegrias. Mas, você sabia que também pode ter uma ótima experiência jogando sozinho?
Conhecendo o RPG solo
De maneira simples, o RPG solo é uma forma diferente de experienciar esses jogos, tendo sistemas planejados para te ajudar a simular problemas, cenas e outras mil possibilidades que farão você se divertir sozinho.
Ao contrário dos papéis de “Narrador” e “Jogador” que normalmente são distribuídos em campanhas convencionais, essa modalidade encontra uma nova maneira de posicionar o seu leitor, permitindo que ele faça parte da criação de Personagens e, ao mesmo tempo, surpreenda-se com os acontecimentos da sua aventura. Afinal de contas, o inesperado também é um elemento presente nesse tipo de RPG.
É por esse exato motivo que esses jogos são tão desafiadores: além dos dados, você vai precisar de criatividade e muito improviso para conseguir lidar com os acontecimentos súbitos da sua aventura, uma vez que todas as características dessa história estão se montando na sua frente com o passar dos minutos.
Pense que você criou um motivo prévio para o seu grupo de aventureiros desbravar uma caverna e, agora, eles investigam todas as salas possíveis. Durante a trajetória, eles encontram esqueletos, fungos estranhos, dragões, itens mágicos e muito dinheiro, mas por quê? O que tem de tão especial nesse lugar? Ou melhor, quem está por trás disso tudo?
Essas perguntas motivadoras sempre nos instigaram a jogar e agora você pode utilizar dessas ferramentas para responder ao acaso sozinho. Mas ei, espera um pouco! Você achou mesmo que a Retropunk ia te apresentar esse novo mundo de possibilidades sem indicar um RPG solo para começar a se aventurar? Continua aqui comigo que eu ainda preciso te mostrar o maravilhoso Four Against Darkness.
O que é Four Against Darkness?
Four Against Darkness (ou 4AD para os íntimos) é um jogo que traz a essência da aventura clássica de fantasia medieval: um grupo de personagens disposto a desbravar uma grande masmorra. Não importa os monstros ou os perigos, tudo que eles querem é pilhar alguns tesouros e ter uma boa história para contar quando chegarem na vila.
Dessa forma, você utiliza as classes disponíveis para montar um grupo com quatro heróis que podem ter personalidades, habilidades e funções bastante distintas, dependendo somente de você para escolher aquilo que vai fazer você se divertir mais.
Aliás, esse mesmo número de membros é bastante icônico em mesas tradicionais de RPG e, aqui, além de trazer parte dessa essência, o “quatro” é uma escolha muito prática para o jogador, uma vez que ele possibilita um bom espaço para controlar os heróis sem se perder nas informações. Devo acrescentar que, conforme o avanço da aventura, ainda seria possível adicionar ao grupo algum personagem encontrado no caminho.
Isso tudo porque um RPG solo precisa de uma coisa: praticidade. Como essa é uma modalidade em que você joga sozinho, faz-se necessário a construção de mecanismos que facilitem a organização de informações essenciais para o sistema, sejam eles sobre regras ou cenário. E devo dizer que Four Against Darkness faz isso muito bem.
As regras
Para jogar Four Against Darkness você vai precisar de três coisas: dados, lápis e papel. A primeira está ligada às jogadas possíveis dentro da sua campanha, além de trazer resultados do oráculo que serão capazes de surpreender. Já as outras duas servem para você anotar tanto as informações que descobrir no início da criação dos heróis quanto aquelas que serão apresentadas ao longo da aventura (como o mapa!).
Assim como nossos aventureiros nas suas investigações em lugares misteriosos, nessa seção iremos desbravar um pequeno resumo de regras, porque quero mostrar para você como o RPG solo pode ser simples, interessante e divertido.
Começando pelos dados, posso dizer que você não vai precisar de diferentes tamanhos, pois Four Against Darkness utiliza apenas os regulares de seis lados (conhecidos como d6). Eles serão úteis em dois momentos: nas ações dos seus personagens e na definição de novos elementos para a história.
Quando tratamos de heróis explorando masmorras, sabemos que eles vão encontrar monstros, armadilhas e outros problemas no caminho. Em Four Against Darkness, esses desafios não rodam dados para fazer as ações, mas possuem um nível atrelado, como 5. Isso significa que, a todo momento, os heróis estarão respondendo a um valor de dificuldade que deve ser ultrapassado em rolagens, ao invés de você precisar lidar com muitos números de uma vez.
Uma outra interação bacana que envolve a dificuldade dos desafios é que, ao rodar um d6, você tem a possibilidade de explodir esse dado. Não, não estamos falando de feitiços como bola de fogo e nem nada do tipo, mas, na verdade, de uma interação bacana que acontece quando você tira um 6. Nessas situações, você pode rolar novamente para adicionar esse novo valor ao resultado final e não existe um limite para essas explosões.
E, como última função, temos a possibilidade de usar os dados em oráculos para descobrir novas informações sobre um lugar. Existem monstros? Você conseguiu um tesouro? Algum acontecimento está aqui para te surpreender? Role na tabela! É sobre o que eu falei antes: RPGs solos também trazem elementos inesperados para balançar a história.
Agora, partindo para o lápis e papel, posso dizer que esses dois materiais são mais do que necessários para esse RPG, pois além de guardarem informações importantes, eles serão utilizados para um recurso especial que esse jogo traz: a construção do mapa! Mas, uma coisa de cada vez, falaremos primeiro sobre os nossos heróis.
Criar os seus heróis é bastante simples, pois você só precisa escolher entre as sete opções disponibilizadas pelo sistema. Todas elas já possuem características especiais, itens e pontos de vida, fazendo com que os dados sejam necessários apenas para definir a riqueza inicial. Ou seja, esses personagens têm uma ficha quase pronta, permitindo que você possa iniciar a sua aventura logo após entender as regras.
A única coisa que você deve levar em consideração é a sua própria diversão. Perguntas como “qual conceito eu quero trabalhar?” e “como seria o grupo ideal para mim?” são ótimas para delimitar algumas opções.
Por fim, como comentado desde o início, a segunda função desses dois objetos é acompanhar o grupo de personagens dentro de uma masmorra. Anotar informações sobre itens mágicos, experiência, riquezas pode ser bastante útil, mas não é só para isso que eles servem.
Em Four Against Darkness, as masmorras são aleatórias, ou seja, toda vez que você for passar de um lugar para o outro, você precisará rodar um d66 (dois dados de seis lados, um representando dezena e o outro unidade) para saber como continuará o seu caminho. E, cada um desses resultados possui um formato especial para você conferir.
Então, o lápis e o papel recebem a função de te auxiliar no desenho dessa masmorra, anotando cada sala e corredor que você passará, além de permitir uma melhor visualização dos possíveis combates.
Essa interação com o leitor é bastante interessante, pois permite a utilização da criatividade para construir esse cenário ao redor do desenho que está sendo formado pelo resultado dos dados. E, se você tem receio do tamanho da sua masmorra, não se preocupe, porque o sistema também indica que você pode delimitar um número de lugares antes de iniciar a sua aventura, apenas ressaltando que a última sala deve ser voltada para a luta com o Chefão final.
Palavrinhas finais
Four Against Darkness é um RPG solo que entende os seus objetivos, utilizando as regras como uma forma de abraçar as mil possibilidades que os dados, a criatividade e o inesperado podem trazer para uma aventura de fantasia medieval.
Além do mais, a praticidade do sistema transborda a escrita das mecânicas, estando presente nos desenhos das masmorras e, até mesmo, nos materiais que são recomendados em um jogo ideal.
Então, se você está procurando um jogo para se divertir sozinho, recomendo que confira mais sobre esse livro.

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