O diário de bordo de uma marinheira de primeira viagem em The Dark Eye
Por Naomi Maratea
A autora desse artigo é dona de um belo exemplar de The Dark Eye, o jogo de fantasia medieval épica mais famoso da Alemanha. A autora desse artigo também nunca leu o livro, e decidiu compartilhar a experiência da primeira vez com os leitores da rolepunkers.
O livro começa com um enorme índice que indica bastante conteúdo. “Bem que me disseram que esse jogo é crunchy”, é o pensamento que me vem a mente. São mais de 400 páginas de conteúdo. O prefácio do livro é escrito por um dos dois autores, Alex Spohr, e sendo The Dark Eye o único sistema de RPG alemão com o qual essa autora já teve contato, é muito interessante aprender com o fundo cultural que o livro carrega:
Ao passo que os grandes jogos americanos, os mais populares e famosos, são geralmente feitos por estúdios de forma fechada e divulgados por meio de influencers e grandes campanhas de marketing, o The Dark Eye, mesmo sendo um jogo de tradição alemã com mais de trinta anos no mercado, conta amplamente com a participação dos fãs nos acessíveis fóruns da internet e os playtests oficiais do jogo acontecem em eventos públicos, onde o feedback dos jogadores é levado em consideração para a produção da versão final do livro.
Só pelo prefácio, percebe-se que The Dark Eye é um jogo especial, que trás muito carinho de uma comunidade consigo e que definitivamente é diferente do que estamos acostumados.
O QUE É O “OLHO NEGRO” OU THE DARK EYE?
Olho negro é o artefato mágico que dá nome ao jogo. Raríssimo de se encontrar em Aventuria, o mundo em que o jogo se passa, um olho negro é capaz de fazer seu possuidor enxergar lugares muito distantes neste e noutros mundos; enxergar verdades, enxergar maldições, enxergar algo que olhos mortais são incapazes de ver.
Assim como era de se esperar, a lore do jogo é extensa e detalhada. O livro oferece aos jogadores um mapa com uma pequena história para cada região deste e explicações a respeito de magia, dragões, divindades e como a sociedade de Aventuria funciona.
Após ser introduzido à lore, o jogador é introduzido às regras.
AS REGRAS DE TDE
A primeira página das regras traz um “tropo” que a autora desse artigo ama: anã de barba (logo na primeira ilustração).
O guia leva em conta o fato de que o jogo possui muitas regras e que às vezes a narradora vai se esquecer delas e vai ter que improvisar, e o livro conversa sobre esse momento muito real de todo RPG, especialmente os mais crunchy.
Foi durante o capítulo das regras que eu resolvi olhar como é a ficha do jogo e se deparou com seis páginas de ficha! É isso mesmo, a ficha de personagem tem seis páginas! O que, a princípio, é assustador, mas, ao mesmo tempo, representa um jogo completo!
Os testes básicos em The Dark Eye impressionam por inovar. Diferente da maioria dos jogos que usam D20, nos quais o objetivo é rolar o maior número possível, aqui a rolagem é feita em comparação a uma pontuação que a personagem possui na ficha. Se a pontuação da personagem para fazer a ação em questão é, por exemplo, 13, o jogador precisa rolar 13 ou menos para ter sucesso.
Dessa forma, veja bem, quanto maior o atributo da personagem (os atributos são: coragem, sagacidade, intuição, carisma [mentais], destreza, agilidade, constituição e força [físicos]), maiores são as chances do dado cair em um número igual ou menor ao número que representa aquele atributo e garantir um sucesso.
Ainda contrariando os sistemas mais populares, o sucesso crítico em The Dark Eye é com a rolagem de um número 1 (com a necessidade de uma rolagem de confirmação logo em seguida). O mesmo vale para o erro crítico (aqui chamado de Fiasco), que acontece com uma rolagem 20 seguida por uma rolagem de confirmação. O jogo dá a opção de não usar as rolagens de confirmação, fazendo com que os críticos e fiascos sejam mais presentes, o que pra essa autora parece muito atraente!
Além dos atributos, existem as perícias. Cada perícia está ligada a três atributos e esses três atributos precisam ser testados para que um teste de perícia seja bem-sucedido. O resultado dessas rolagens podem ser ajustados por meio de pontuações específicas para isso que cada personagem tem em sua ficha. O jogo, nesse momento, torna-se um jogo de manutenção e organização de recursos. Na página 24 do livro, “Paramanthus”, uma figura histórica de Aventuria, criou uma “tabelinha de cores” para cada atributo, é possível seguir a tabela para diferenciar os dados nessa rolagem de perícia, usando dados da cor específica de cada atributo (imagine-se como jogador tendo seu próprio “dado de coragem”).
As regras do jogo são bastante completas, cobrindo todo tipo de situação e trazendo outros recursos como pontos de destino, características derivadas, diferentes tipos de testes (cumulativos, competitivos etc), condições (são muitas!) etc.
PARTE 2 EM BREVE!

Adquira os produtos de The Dark Eye em nossa loja! https://retropunk.com.br/loja/100-the-dark-eye