Por Naomi Maratea
A história do RPG de mesa
RPG de mesa (Role Playing Game na mesa ou, em português, jogo de interpretação de papéis na mesa) é um jogo mais antigo do que parece.
O hobby tem sua origem nos wargames, jogos de tabuleiro famosos nos anos 60, onde os jogadores simulavam uma guerra, de verdade ou fictícia. Em 1969, um homem chamado David Wesley levou à Universidade de Minnesota uma sessão de wargame na qual cada jogador interpretava uma personagem única. Em 1970, a New England Wargames Association apresentou em uma convenção um wargame que tinha um pé no mundo da fantasia, chamava-se Middle Earth.
No ano seguinte, Gary Gygax e Jeff Perren, criaram o wargame chamado Chainmail: um jogo histórico com elementos de fantasia. Enfim, Dave Arneson, um dos jogadores que jogou com David Wesley, pegou parte dos jogos que conhecia e os misturou com Chainmail, criando o grande primeiro cenário de fantasia medieval: Blackmoor.
Esse mesmo Dave Arneson se juntou com Gary Gygax posteriormente e, em 1974, criaram e lançaram o Dungeon & Dragons, que prospera até hoje.
Como era o RPG antigamente?
De acordo com a sua história, o RPG de mesa é popular desde os anos 70, e segue sendo até hoje. Atualmente, mais do que nunca.
Nos primeiros 30 anos do RPG de mesa, o hobby era uma atividade extremamente nichada, ou seja, poucas pessoas tinham acesso a ele; apenas um nicho específico. Imagine o quão difícil era, nos anos 70, 80 e 90, ter acesso a material de RPG de mesa sem internet e smartphones. O jogador tinha que estar bastante interessado para ter acesso a esse tipo de material: não era possível adquirir pdfs de jogos facilmente como é hoje em dia pelo site da editora RetroPunk!
E quando uma pessoa no grupo de amigos obtivesse um livro legal, todo o resto tinha que gastar uma nota com xerox! Quem se lembra disso?
Essa dificuldade em ter acesso ao material não só tornava o hobby pouco acessível como fazia os jogadores se sentirem, de certa forma, especiais e diferentes.
E como é hoje?
Hoje em dia, as coisas são diferentes.
É mais fácil não só ter acesso a jogos de RPG de mesa como se aumentaram os recursos para criar, logo, há mais material sendo produzido do que nunca.
Com influencers da internet, como Matt Mercer no exterior e Cellbit no Brasil, e séries como Stranger Things, o RPG se popularizou entre gerações de pessoas que nasceram em meados dos anos 2000 (sim, existe gente que nasceu depois de 2000 e já é adulto hoje!).
O hobby se tornou mais extenso agora que há diferentes cabeças com diversas ideias pensando nele. Antigamente, só se pensava em RPG quem tinha condições (econômicas e sociais) de adquirir material, ou seja, pessoas com perfis parecidas com as do próprio Gary Gygax: homens, brancos, cis etc etc.
Gatekeeping
Gatekeeping é quando uma parte de uma comunidade dificulta de propósito o acesso ao hobby para um grupo de pessoas diferente deles pois não deseja sua presença.
Infelizmente, gatekeeping é um fenômeno chato que acontece quando um jogador de RPG tem dificuldade de sair de sua zona de conforto. De repente, chega uma pessoa nova querendo jogar, mas trazendo um novo sistema, com uma nova temática e novas ideias. Alguns jogadores ficariam felizes com a experiência nova, mas é muito comum que outros rejeitem a oportunidade por medo de terem que aprender algo novo e, talvez até, questionar as coisas que já sabiam e acreditavam.
E essa rejeição é feita, às vezes, por meio de brigas, picuinhas e, especialmente, guerra de fãs. Esse cenário chato deixa a comunidade do RPG desconfortável para pessoas novas que acabam se afastando e, junto de si, levam sua diversidade de ideias.
Expandir o hobby
Novos jogadores estão vindo pro hobby com ideias completamente novas que o pessoal das antigas nunca pensaram.
Acolher quem tá entrando no hobby é positivo para todos: para quem vai entrar e vai se sentir bem recebido, para quem vai os receber e vai ser agraciado com a diversidade de ideias e para a comunidade no geral: pois novas ideias gerarão novo conteúdo e novo conteúdo aquecerá o mercado.
Não há motivos para se afastar. Todos devem se esforçar para que todos fiquem confortáveis no hobby.

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