por Diogo A. Gomes, do Toca do Coruja
Com a chegada de Sprawlrunners no Brasil, pela parceria Toca do Coruja e RetroPunk, seu autor, Manuel “ManuFS” Sambs, nos dá essa entrevista sensacional, explicando os meandros da criação de seu suplemento, Sprawlrunners – o primeiro produto SWAG a ganhar um selo Mithral no DriveThru RPG. De Shadowrun a Johnny Mnemonic, descubras as inspirações desse grande sucesso de Savage Worlds.

Para comemorar o lançamento de Sprawlrunners no Brasil, fiz uma pequena entrevista com seu criador, Manuel “ManuFS” Sambs, autor, designer e proprietário da Veiled Fury Entertainment.
Diogo: Uma das características mais proeminentes de Sprawlrunners é ele ser conciso. Sem enormes listas de itens, implantes ou armas. Como você chegou a essa escolha de design simplificada?
Manuel: Você não acreditaria se visse as primeiras iterações do fanmade que acabou se tornando Sprawlrunners. Era ruim, tipo RUIM em caixa alta, recheado até a borda com listas e listas e listas. De certa forma, era a antítese do que Sprawlrunners é agora. Comecei a trabalhar nisso há mais de 10 anos, e todo esse tempo de desenvolvimento ativo me mostrou que gosto de produtos que são concisos, diretos ao ponto e não afogam seus leitores com opções. Esta se tornou minha filosofia central, nunca adicionar material simplesmente para poder dizer “Este produto oferece mais de 15 novas vantagens!”, quando na minha opinião tudo o que precisa são 2.
D: O que você pode nos dizer sobre o futuro de Sprawlrunners? Há uma versão expandida ou um cenário no forno?
M: Há algumas ideias que estou desenvolvendo atualmente, mas tudo está nos estágios iniciais de criação, brainstorming e uma ocasional sessão curta de testes para ver se meus pensamentos fazem sentido para os outros. Talvez algumas dessas ideias não se sustentem ou se tornem produtos de 1 dólar [vendidos no DrivethruRPG], é difícil dizer por enquanto. O que posso dizer é que uma dessas ideias é uma espécie de “cenário demo”, mas, novamente, está em um estágio muito inicial, sem nada para mostrar, apenas algumas páginas de notas incoerentes.
D: Falando sobre expansões. Alguns autores têm escrito suplementos para Sprawlrunners. O que se deve fazer se alguém quiser escrever algo baseado nele?
M: Sprawlrunners é aberto para desenvolvimento de expansões de outros autores, não há licença nem nada envolvido além das licenças FAN, SWAG ou ACE de Savage Worlds, é claro. As únicas regras são: não reproduzir o material de Sprawlrunners, apenas fazer referência a ele e adicionar o seguinte texto ao seu produto: “Este produto faz referência a Sprawlrunners da Veiled Fury Entertainment. Usado com permissão. A Veiled Fury Entertainment não faz nenhuma representação ou garantia quanto à qualidade, viabilidade ou adequação à finalidade deste produto.” E com o seguinte link para o PDF de Sprawlrunners: https://www.drivethrurpg.com/product/334278/Sprawlrunners .
Claro, se você quiser me enviar uma cópia gratuita, eu ficaria muito grato. 😉 Sinta-se também à vontade para entrar no Discord da Veiled Fury para discutir sua ideia, estou ativo lá e fico feliz em ajudar
D: Na maioria dos RPGs de mesa, as regras para lidarmos com o ciberespaço são muito complexas. Elas têm um ritmo diferente das ações no “mundo físico”. Esse não é o caso de Sprawlrunners. Qual foi sua inspiração?
M: Alguns podem argumentar que a opção Queima Lenta de Sprawlrunners ainda é bastante complexa e, até certo ponto, digo que eles estão certos. Embora eu entenda o desejo de lidar com o ciberespaço como um mundo paralelo, pessoalmente prefiro que atividades envolvendo apenas um único personagem na maioria dos grupos se resolvam rapidamente, mas sem sacrificar o potencial narrativo envolvido.
Então, para responder à pergunta, a opção Queima Lenta é fortemente inspirada em tropos de cyberpunk clássicos de sistemas modelados como salas ou nós virtuais interconectados com GELOs patrulhando essas salas e a personagem tendo que navegar em uma “mini-masmorra” real. Pista Rápida — e seu sucessor espiritual, Furious Hacking* [suplemento extra, ainda sem tradução], — remontam à minha filosofia central de minimalismo. Pista Rápida foi inspirada na elegância do subsistema Tarefas Dramáticas, com Furious Hacking se afastando dessas regras, mas mantendo a maior parte da simplicidade.
D: Antes de escrever Sprawlrunners, quais RPGs de mesa cyberpunks você costumava jogar?
M: Na verdade, comecei minha vida de RPG de mesa com Shadowrun! Um amigo meu da escola (E aí, Jens!) trouxe o livro de regras básico de Shadowrun: Segunda Edição um dia e, embora eu nunca tenha realmente jogado com ele, o livro me capturou como nada antes. Mergulhei brevemente no Cyberpunk 2020, mas foi realmente só Shadowrun para mim por cerca de 16 anos ou mais, até que mudei para Savage Worlds em 2012.
D: O que você menos gosta em Sprawlrunners que gostaria de relançar em edições futuras?
M: Acho que fiz um péssimo trabalho ao explicar que Sprawlrunners é uma caixa de ferramentas que precisa ser anexada a um cenário (preexistente ou criado do zero). O livro também faz muitas suposições de que as pessoas entendam como fazer um cenário e como usar um conjunto de regras para fazer isso, então é algo que estou pensando em expandir. E apresenta muito material que deveria ser definido pelo cenário, como as espécies e praticamente a maior parte do capítulo Magia.
D: Qual é o sua obra cyberpunk favorita? O que mais te influenciou ao escrever Sprawlrunners?
M: Sem dúvida, a trilogia Sprawl, de William Gibson. E sim, estou ciente de que não existe RPG de mesa dela, mas definiu muitos tropos e é minha inspiração para diretrizes de como sinto e vejo o cyberpunk como um gênero. É provavelmente por esse motivo que Johnny Mnemonic: o Cyborg do Futuro (mesmo que seja apenas vagamente baseado nos livros) é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Isso me ajudou a visualizar o mundo de Gibson. Quando se trata de RPGs de mesa, sou um shadowrunner da segunda edição. A tecnologia é cabeada, volumosa, o wi-fi funciona apenas para drones e veículos de controle remoto e a Regra da Diversão reina suprema.
D: Qual é o seu cenário favorito de Savage Worlds?
M: Essa é difícil, porque eu “classifico” os cenários pelos aspectos de que gosto, e muitos cenários fazem coisas diferentes que eu gosto igualmente. Mas já que vocês provavelmente querem mesmo que eu mencione alguma coisa ;), vou dar alguns exemplos. Titan Effect é, na minha opinião, o principal exemplo de como utilizar o Compêndio de Superpoderes para um cenário realista com super-humanos, apenas combinando espionagem e poderes potencialmente insanos perfeitamente. Eu amo Sundered Skies (e tive a grande sorte de poder jogar todo o PPC [Plot Point Campaign]** com um grupo de mesa) por misturar alguns tropos e ter provavelmente um dos melhores PPCs que existem. O Buccaneer é incrível para capturar a vibe de Piratas do Caribe com regras mínimas que mantêm o navio do grupo funcionando e relevante, mas não atola o jogo com um “simulador de negociação”. Stingers & Spores, na minha opinião, estabelece um novo padrão para fornecer uma caixa de ferramentas “crie o personagem que você quiser” com seu conjunto de regras compacto, mas poderoso, sobre como criar qualquer inseto existente (e talvez alguns que não existam!) de uma maneira mecanicamente justa. Saga of the Goblin Horde é o padrão ideal de pegar um tropo estabelecido e virá-lo de cabeça para baixo. Você vê meu problema agora, há tantos cenários com ótimos aspectos, simplesmente não consigo escolher.
D: O que você tem jogado recentemente?
M: No momento, estou mestrando para um grupo aventuras antigas de Shadowrun 2ª e 3ª edições, usando as regras do Sprawlrunners, é claro. 😉 Além disso, jogo principalmente one-shots para experimentar coisas novas, tanto em Savage Worlds quanto em outros sistemas. Embora esteja muito focado em Savage Worlds, tento o meu melhor para não fixar demais e perder a noção do que está por aí no mundo RPG.
D: Além do Sprawlrunners, você tem algum novo projeto que possa compartilhar conosco?
M: Além do que já mencionei, não tenho muito o que falar sobre no momento, mas meus suplementos de 1 dólar têm ciclos de desenvolvimento bastante rápidos. Quando a inspiração bate, eu geralmente entro em hiperfoco e procuro algo para testar dentro de duas ou três semanas. Veremos quando algo acontecer a seguir. Além de escrever material de RPG, ocasionalmente transmito videogames ao vivo no Twitch.
D: Onde as pessoas podem entrar em contato com você?
M: Sou mais ativo no servidor oficial da Veiled Fury Entertainment Discord. Temos uma pequena comunidade ativa lá, onde falamos sobre qualquer coisa, desde minhas coisas, RPGs de mesa em geral, videogames, cyberpunk e assuntos relacionados — até culinária. Sinta-se à vontade para participar. Além disso, estou no Facebook, embora o use principalmente para enviar notícias sobre novos produtos meus. Se alguém quiser entrar em contato comigo diretamente, pode me enviar um e-mail ou uma DM no Discord.
Discord: Veiled Fury#0001
Servidor VFE: https://discord.gg/XG4ndnn5F9
E-mail: veiledfuryentertainment@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/VeiledFuryEntertainment/
Twitch: https://www.twitch.tv/veiled_fury
Notas:
* Suplemento que cria uma opção para hacking
**Campanhas mais abertas que dão mais liberdade aos jogadores para interagirem com o cenário
Sprawlrunners continua em financiamento, com a meta base e várias metas extras batidas. Faltam poucos dias, então não deixe de apoiar: https://bit.ly/RP-sprawlrunners-para-savage-worlds-edicao-aventura

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